Uma força-tarefa nacional coordenada entre a Polícia Civil e o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) deflagrou nesta terça-feira (27), a Operação Mão de Ferro 2, com foco no combate a crimes cibernéticos de extrema gravidade praticados contra crianças e adolescentes. A ofensiva ocorre simultaneamente em 12 estados brasileiros, mirando redes criminosas que atuavam nas sombras da internet, promovendo desde pornografia infantil até apologia ao nazismo.
A ação é resultado de um trabalho conjunto entre as Polícias Civis do Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Piauí, Rio Grande do Sul, Sergipe e São Paulo, com apoio direto do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) do MJSP.
Ao todo, estão sendo cumpridos 22 mandados judiciais, entre prisões temporárias, internações socioeducativas e buscas e apreensões. Em Mato Grosso, foco das ações da Polícia Civil local, três ordens judiciais estão sendo executadas nas cidades de Sinop e Rondonópolis. Um dos alvos é uma adolescente de 16 anos. O outro, apontado como líder de uma rede criminosa digital, é um adolescente de 15 anos já investigado em outras operações anteriores, como a Mão de Ferro 1 e a Operação Discórdia.
Grupos promoviam automutilação, pornografia infantil e discurso de ódio
As investigações revelaram a existência de grupos organizados em plataformas como WhatsApp, Telegram e Discord, onde adolescentes e adultos se associavam para compartilhar conteúdo de violência extrema, induzir comportamentos autodestrutivos e ameaçar vítimas.
Entre os crimes apurados estão:
-
Indução e auxílio ao suicídio e automutilação
-
Perseguição (stalking) e ameaças
-
Produção e divulgação de pornografia infantil
-
Apologia ao nazismo
-
Invasão de sistemas informatizados e exposição de dados públicos
“Essa operação é uma resposta firme, coordenada e sem espaço para tolerância, diante de crimes tão graves. Nosso objetivo é proteger nossas crianças e adolescentes de predadores digitais que se escondem atrás de perfis falsos e da aparente impunidade da internet”, afirma Rodney Silva, diretor de Operações Integradas e de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública do MJSP.
Investigação detalhada e integração nacional
Segundo o delegado Gustavo Godoy Alevado, da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos de Mato Grosso, “a Operação Mão de Ferro 2 é fruto de um trabalho investigativo minucioso em parceria com o Ciberlab do Ministério da Justiça. Essa é uma resposta do Estado contra a violência digital que atinge crianças e adolescentes em seus ambientes mais vulneráveis.”
A operação também integra o programa Tolerância Zero, do Governo de Mato Grosso, que vem intensificando o enfrentamento às facções criminosas e redes digitais ilegais no estado.
Penas severas e apelo à denúncia
Os investigados poderão responder por crimes cujas penas somadas ultrapassam 20 anos de prisão. As tipificações incluem:
-
Indução ao suicídio ou automutilação (Art. 122 do Código Penal)
-
Perseguição (Art. 147-A)
-
Ameaça (Art. 147)
-
Pornografia infantil (Arts. 241-A e 241-B do ECA)
-
Apologia ao nazismo (Lei 7.716/89)
O delegado titular da DRCI, Guilherme Berto Nascimento Fachinelli, enfatiza:
“Não podemos permitir que o ambiente digital seja um terreno livre para predadores. A repressão qualificada, aliada à integração entre estados e ao trabalho investigativo sério, é fundamental para proteger nossos jovens.”
Denúncia anônima é ferramenta crucial
A Polícia Judiciária Civil reforça que denúncias anônimas podem ser feitas pelo Disque 197 ou pelos canais digitais oficiais. A colaboração da sociedade é essencial para a identificação de criminosos virtuais e para a proteção das vítimas.
“Quem silencia, permite. Denuncie.”