Um adolescente, de 17 anos, foi retirado à força da escola por policiais após receber uma suspensão. O caso aconteceu nesta quinta-feira (26) na Escola Estadual Murgy Hibraim Sarah, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Ele havia sido suspenso na quarta-feira (25) depois de se envolver em uma briga e ameaçar colegas no colégio. A diretoria o avisou que só poderia retornar às aulas acompanhado de um representante legal.
Ao aparecer na escola hoje, a diretora solicitou para o estudante voltar para casa, mas ele não concordou. Ela, então, acionou a Polícia Militar (PM).
Segundo informações registradas no boletim de ocorrência, os militares pediram para o adolescente deixar a sala, mas ele se negou.
Imagens obtidas pela Itatiaia mostram o momento do episódio. Um dos policiais chega e diz: “Vai na boa ou na força?”. O estudante responde: “Vocês vão botar a mão em mim? Eu sou ‘de menor’. Não vou não. Minha vó mandou e eu vim”.
Os policiais imobilizaram o jovem e o retiraram da escola à força. Ele foi autuado por ato infracional de desobediência e resistência.
Após o episódio, a namorada do garoto, de 15 anos, ameaçou a diretora caso ela não pedisse para os policiais o soltarem. Ela foi conduzida por ato infracional de ameaça.
No vídeo obtido pela reportagem, a adolescente diz à diretora: “É culpa sua. Manda ele parar. Vou encostar em você. Vou te matar. Ele é de menor”.
‘Fiquei nervosa’, diz garota
Em entrevista à Itatiaia, a adolescente que ameaçou a diretora alegou que ficou nervosa com a situação: “Eles estavam enforcando ele. Ele estava até roxo. Pedi para a diretora para falar com eles para pararem de enforcar ele”.
A mãe da garota também foi entrevista pela reportagem e comentou o episódio. “Ela falou que fez de cabeça quente, porque foi defender ele”, afirmou. A mulher diz que a filha está errada, mas que a diretora também errou.
Secretaria de Educação se posiciona
Procurada pela Itatiaia, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) informou que a Polícia Militar foi acionada porque o estudante “apresentou atitudes inadequadas”.
Abaixo, confira o posicionamento do órgão na íntegra:
“Sobre o ocorrido na Escola Estadual Murgy Hibraim Sarah, em Santa Luzia, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), informa que a direção da escola havia convocado os representantes legais do aluno, além do Conselho Tutelar do município, para tratar do comportamento do estudante na instituição.
O aluno compareceu à escola sem os responsáveis e apresentou atitudes inadequadas, razão pela qual foi necessário acionar a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).
Na ocasião, outra aluna proferiu frases ofensivas contra a direção da escola. Um Boletim de Ocorrência foi registrado e o Conselho Tutelar do município será acionado, assim como os responsáveis da estudante.
Além disso, uma equipe do Núcleo de Acolhimento Educacional (NAE), da Superintendência Regional de Ensino (SRE) Metropolitana C, responsável pela coordenação da escola, vai reforçar o trabalho de intervenção psicossocial na instituição de ensino.
A SEE/MG destaca que, ao longo do ano letivo, desenvolve diversas ações para conscientizar os estudantes e prevenir atos de violência no ambiente escolar. Entre essas ações estão o Programa de Convivência Democrática e o Projeto Socioemocional, para o fortalecimento da gestão pedagógica e na articulação entre aspectos cognitivos, orientando o trabalho docente para desenvolver e consolidar competências e habilidades socioemocionais nos estudantes.
Por fim, a SEE/MG reforça que a escola é um ambiente de paz e um espaço de aprendizado para todos. Nesse sentido, seguirá reforçando as medidas preventivas contra a violência”.
Suspeitos foram conduzidos e liberados
A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) afirmou que os militares foram deslocados para a escola “visando garantir o cumprimento da medida administrativa de suspensão e prevenir atos infracionais”.
“No entanto, o aluno, também, não atendeu as ordens legais dos policiais militares para cumprimento da suspensão, tendo apresentado ato infracional análogo ao crime de resistência, razão pela qual foi conduzido mediante uso de força moderada e proporcional”, disse a corporação sobre e adolescente que estava suspenso.
Sobre a suspeita de ameaçar a diretora do colégio, a PMMG afirmou: “Logo após a condução do adolescente pelo ato infracional análogo ao crime de resistência, outra aluna ameaçou uma servidora da escola, sendo, então, apreendida pelo ato infracional análogo ao crime de ameaça”.
Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), os suspeitos foram conduzidos para a delegacia, mas liberados após assinarem termo de compromisso.
O caso será encaminhado à Justiça.
