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POLÍCIA Sexta-feira, 27 de Junho de 2025, 14:38 - A | A

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Roubo de cargas

Empresário é investigado por fraudar empréstimo de R$ 15 milhões no BNDES para financiar roubo de cargas em MT

Um empresário do setor de transportes é investigado por arquitetar um esquema de fraude para obtenção ilegal de R$ 15 milhões

g1 mt

Um empresário do setor de transportes é investigado por arquitetar um esquema de fraude para obtenção ilegal de R$ 15 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com o objetivo de financiar desvios de cargas em Mato Grosso. A informação foi divulgada pela Polícia Civil nesta terça-feira (25), durante a deflagração da terceira fase da Operação Safra.

Segundo a investigação, o empresário atuava como operador financeiro de uma organização criminosa especializada no furto de cargas de grãos — que já causou prejuízos superiores a R$ 20 milhões em propriedades rurais do estado. Os caminhões da empresa do investigado eram utilizados para transportar as cargas desviadas, além de ele ser o responsável pelo pagamento aos demais integrantes do grupo.

De acordo com a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), o suspeito chegou a oferecer R$ 500 mil em propina, em espécie, a um contato em Brasília para liberar a primeira parcela do empréstimo. O valor foi apreendido com ele, em junho de 2022. Inicialmente, acreditava-se que o pedido ao banco envolvia apenas R$ 5 milhões, mas as investigações revelaram que o valor total pretendido era de R$ 15 milhões — sendo os R$ 500 mil destinados apenas à liberação da primeira parte do montante.

Esquema em fazendas e empresas de fachada

O grupo agia principalmente em fazendas situadas em regiões estratégicas de produção agrícola, como as propriedades Guapirama, Sulina, Colorado, Kesoja e Feliz. Os criminosos cooptavam funcionários — entre eles gerentes, operadores de carga e balanceiros — para permitir o carregamento direto dos silos, sem emissão de notas fiscais ou qualquer tipo de controle oficial.

As cargas roubadas eram levadas para uma empresa em Cuiabá, já investigada nas fases anteriores da operação, onde os grãos eram “esquentados” com notas fiscais falsas. A organização também se valia de empresas de fachada para a lavagem do dinheiro.

Conforme o delegado Gustavo Belão, o prejuízo confirmado até esta etapa da investigação é de cerca de R$ 4,5 milhões. No entanto, o valor real pode ser bem maior, já que muitas das cargas desviadas não chegaram a ser oficialmente registradas.

Histórico da operação

A primeira fase da Operação Safra foi deflagrada em 2021, quando a polícia desmontou uma quadrilha baseada em São Paulo responsável por furtos de grãos em Mato Grosso e outros estados. Em 2022, a segunda fase ampliou o foco sobre os operadores locais. A atual fase mira o braço financeiro do esquema, revelando a tentativa de captação fraudulenta de recursos públicos para sustentar as ações criminosas.

As investigações continuam, e até o momento, o nome do empresário investigado não foi divulgado.

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