icon-weather

Agronegócio Terça-feira, 20 de Maio de 2025, 10:09 - A | A

Terça-feira, 20 de Maio de 2025, 10h:09 - A | A

Agronegócio

Exportação de DDG mato-grossense para a China é liberada

Da redação

A China oficializou a abertura de mercado para o DDG (grãos secos de destilaria com solúveis), subproduto estratégico da produção de etanol de milho utilizado como ração animal. Mato Grosso, maior produtor nacional de etanol de milho, desponta como protagonista neste novo capítulo do agronegócio brasileiro.

Antecipando os passos do acordo internacional, o governo mato-grossense firmou, em 16 de abril, três memorandos de entendimento com o grupo chinês Donlink — uma gigante do setor agroindustrial da Ásia. Os documentos, assinados com a Associação dos Cerealistas de Mato Grosso (Acemat) e a Bioind (Associação das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso), visam principalmente a exportação do DDG mato-grossense, além de pulses como gergelim e feijões.

Mato Grosso saiu na frente ao promover, no mês anterior, visitas técnicas com representantes da Donlink e da Haid Group — maior empresa chinesa de ração animal — para apresentar o potencial produtivo do Estado. A ação coordenada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico reforça o posicionamento de Mato Grosso como referência global em inovação e produtividade no agro.

“O DDG agora entra no radar do maior mercado consumidor do planeta. Com o trabalho integrado do setor público e privado, Mato Grosso prova, mais uma vez, que é o motor do agro brasileiro. Como sempre digo: ‘Mato Grosso é o lugar, é o pedaço do Brasil que está dando certo’”, destacaram os articuladores da negociação.

A abertura de mercado chinês representa uma oportunidade estratégica não apenas para o DDG, mas também para as pulses. Segundo Zhao Yi, engenheira-chefe da Associação Nacional de Grãos da China, o Brasil — com 21 empresas habilitadas para exportar — consolida-se como fornecedor de confiança de gergelim branco, essencial para atender à crescente demanda chinesa por fibras e óleos vegetais.

“A classe média chinesa, com mais de 900 milhões de consumidores, consome em média 500g diários de produtos à base de grãos. O Brasil é peça-chave no nosso plano alimentar para os próximos 50 anos”, afirmou Zhao.

Além do DDG, os chineses também demonstraram interesse em ampliar as importações de produtos agropecuários como miúdos de aves e suínos, pescados amazônicos e, futuramente, etanol brasileiro. Para o presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, a entrada no mercado chinês marca uma nova era para o agro brasileiro: “Até agora, apenas os Estados Unidos exportavam DDG para a China. Mato Grosso muda esse cenário, elevando o Brasil a um novo patamar.”

Hoje, o Brasil já exporta DDG para 18 países, mas a abertura do mercado chinês representa o maior potencial de escala e rentabilidade. “Essa jornada começou há oito anos, em Lucas do Rio Verde. Hoje, o DDG mato-grossense está pronto para abastecer o maior mercado do mundo. E isso é só o começo”, completou Nolasco.

No setor do algodão, a liderança brasileira já é consolidada. A China é hoje o principal destino da pluma nacional, com destaque para Mato Grosso, responsável por 70% da produção. Segundo Marcelo Duarte, diretor de Relações Internacionais da Abrapa, o Estado é peça central na liderança brasileira nas exportações: “Em seis anos, passamos de 6% para 40% de market share na China. E seguimos avançando, com a liberação do farelo de algodão e perspectivas promissoras para o caroço, outro insumo estratégico.”

Em meio à reconfiguração do comércio global, impulsionada por tensões entre China e Estados Unidos, o agro mato-grossense e brasileiro mostra resiliência, visão estratégica e capacidade de suprir mercados exigentes com qualidade, escala e sustentabilidade.

Clique aqui, entre em  nosso Grupo do  WhatsApp e receba notícias em tempo real.

Comente esta notícia